terça-feira, 8 de setembro de 2009

REVISTA Isto É Gente - Maio 2006


A aluna supera o professor
Após uma bem-sucedida mudança dos programas infantis
para uma atração para a família, Eliana leva a Record à vice-liderança vencendo o primeiro patrão, Silvio Santos, diz que sofre pressão da família para ter um filho e conta que passou
a assistir futebol por causa do marido

texto Jonas Furtado, fotos Edu Lopes
A apresentadora Eliana Michaelichen passou 16 anos – 7 deles no SBT e o restante na Record – com a missão de divertir o público infantil todas as manhãs de segunda a sexta-feira, até que, em agosto de 2005, ela se deparou com um novo desafio: entrar na chamada guerra de audiência aos domingos à frente de uma atração voltada para a família toda. E logo na gravação do programa de estréia de Tudo É Possível, que ela comanda todo domingo à tarde na Record, veio o primeiro susto. “Não havia crianças na platéia”, recorda Eliana, admitindo uma certa ansiedade e um nervosismo ao abrir a apresentação. “A responsabilidade é muito maior do que em um programa diário. É a responsabilidade de falar com a família brasileira e estar em uma guerra aos domingos. É um tiro só, uma única tentativa (por semana)”, diz. E, semana após semana, a pontaria de Eliana, 32 anos, provou-se certeira. Concorrendo com pesos-pesados das tardes de domingo, como Gugu e Faustão, Tudo É Possível, que vai ao ar das 14h às 15h50, colocou a Record na segunda posição no horário, superando o SBT, com 8 pontos de média. A concorrência resolveu contra-atacar com armamento pesado. Na última semana de março, Eliana soube que o próprio Silvio Santos, o homem que a transformou de cantora a apresentadora e foi seu primeiro patrão na televisão, a enfrentaria na tarde do domingo 2 de abril, com o programa Family Feud. “Senti um peso grande quando soube que Silvio ficaria no horário de Tudo É Possível”, assume Eliana. “Pensei: ‘Agora não vai dar, acho que a gente não segura a onda’.”

A apreensão e insegurança duraram até pouco depois das 16h do domingo 2. Em casa, ao lado do marido Eduardo Guedes, Eliana acabara de assistir ao programa quando o telefone tocou. Era o diretor de Tudo É Possível, Carlos Cesar Filho. “Eliana, parabéns. Continuamos na vice-liderança”, comunicou, já de posse dos números iniciais do Ibope. A vitória se repetiu nas duas semanas seguintes. Eliana, que já havia desbancado o Domingão do Faustão por duas vezes (a última delas em 5 de fevereiro, quando ficou a frente da Globo por 8 minutos), provara ser realmente uma arma poderosa na guerra pela audiência aos domingos.
“Silvio Santos foi e é um grande mestre”, afirma Eliana. “Espero que, sinceramente, ele se sinta orgulhoso da boa aluna que eu fui.” A entrada de Silvio no campo de batalha foi mais uma cartada do SBT
na tentativa de recuperar o terreno perdido para a Record. Com o fracasso da empreitada, a emissora colocou no ar, no último domingo 23, um especial com os melhores momentos do programa Ídolos,
para encarar Eliana. Após sete finais de semana de consecutivas derrotas, o SBT finalmente conseguiu retomar a segunda posição do horário – Ídolos, que vai ao ar com episódios inéditos às quartas e quintas-feiras, cravou 13 pontos de média contra 8 de Tudo É
Possível –, chegando a ficar à frente do Domingão do Faustão em alguns momentos.

Eliana manteve sua média semanal, o que indica que ela talvez já tenha um público cativo aos domingos, como reconhece um antigo e conceituado funcionário do SBT, parceiro e amigo de Silvio Santos há duas décadas, Luiz Bento. “O produto que Eliana apresenta é bom”, diz ele, que é diretor do programa Rei Majestade, apresentado por Silvio e derrotado por Tudo É Possível no dia 9 de abril. “Nossa programação aos domingos está muito descaracterizada. Isso fez com que o público que nos acompanhava buscasse outros canais e se identificasse com a Eliana. Hoje, não temos um produto para colocar às três da tarde e combater a Eliana.
Já Guilherme Stoliar, conselheiro-executivo do SBT e sobrinho de Silvio Santos, tentou minimizar a evolução do Tudo É Possível, de Eliana. “Não é um assunto de grande relevância”, limitou-se a comentar.

Desde o final de 2005, a loura que atormenta Silvio Santos negocia a renovação de seu contrato com a Record, que termina em setembro. Em meio às negociações, surgiram rumores de que o SBT teria feito uma proposta para ter Eliana de volta. A emissora do dono do Baú emitiu nota no seu site, na qual afirmava que “não é verdade que o SBT tenha feito qualquer insinuação para a apresentadora Eliana”. Os atuais patrões da Record aprovam o desempenho de Tudo É Possível. “Estamos satisfeitos com os números. Mas não foi exatamente uma surpresa, pois já esperávamos um bom desempenho de Eliana”, afirma Alexandre Raposo, presidente da Record. “O público foi muito receptivo à transição dela de apresentadora infantil para líder de um programa dirigido a toda família.”

Apesar da situação favorável para o pedido de um substancial aumento de salário, Eliana diz que essa não é uma de suas principais reivindicações. “Não quero mais dinheiro e sim mais conteúdo, mais cultura para minha vida”, garante. Entre suas exigências, a apresentadora quer manter cláusulas especiais do presente acordo, como a que garante a ela o direito à licença-maternidade caso tenha um filho. “Depois de ter brincado tanto com os filhos dos outros, o que penso mesmo futuramente é em brincar com os meus”, diverte-se ela – que em julho lança seu novo CD infantil e, até o final do ano, coloca nas prateleiras seu segundo livro.

Casada há um ano e quatro meses, Eliana diz que a pressão familiar pelo bebê é fortíssima. “É pressão total. Vou na casa da minha sogra e (perguntam): ‘E o neto?’. Vou na casa da minha mãe: ‘E o meu netinho?’. Vou na casa da minha irmã: ‘Eu quero ser titia’. Calma, gente, calma. Fico tentando acalmar a ansiedade da família”, diz, sempre ressaltando que o momento é de dedicação total ao trabalho. “O baby pode esperar um pouquinho.”
Companheira, Eliana acorda todos os dias às cinco da manhã com o Eduardo, que trabalha no programa Hoje em Dia, da Record, e vai
ao ar ao vivo às 9h15. Assim que ele deixa a casa ela volta a dormir para começar o dia para valer após as oito da manhã. O próximo encontro entre os dois geralmente acontece à noitinha. Caseiros, raramente saem para badalar e, quando viajam, o destino geralmente é o litoral sul do Rio de Janeiro. “A gente gosta muito de ir para Parati. Tem a cidade, se quiser um pouco de movimento, tem mata, cachoeiras”, diz Eduardo.

Chef e dono de sorveteria, ele revela que, em casa, tem que dividir o fogão com a esposa. “Eliana cozinha bem, encara como uma terapia. Faz um purê de mandioquinha muito bom e faz massas muito bem.” Além das panelas, o casal também desenvolveu outros passatempos. À noite, quando o sono demora a vir, jogam baralho deitados na cama. E dia de jogo do Corinthians (time do coração de Eduardo) na televisão é sagrado. “Aprendi a gostar e fico compartilhando o ‘Coringão’ com ele. Nunca tive um time, mas depois do casamento tenho prestado atenção no Corinthians – até para evitar brigas”, brinca Eliana.

Em troca, Eduardo está sempre junto com a esposa em lojas e shoppings. “Homem nenhum gosta de acompanhar a mulher nesse tipo de coisa. Tem que ter uma tolerância. Eu cedo ao futebol, e ele cede às minhas compras”, diz ela. Mas, como em qualquer outro relacionamento, o casal Eduardo e Eliana tem suas disputas. “Dudu é do signo de touro, tem uma personalidade fortíssima. Eu sou de sagitário, também tenho uma personalidade ultraforte. Então, lá em casa é jogo duro. Mas isso faz parte do crescimento. A gente amadurece. Se desse tudo certinho seria até estranho.”

Tratamento fotográfico: Cláudio Ishi Produção de moda: Luis Granado
Beleza: Danilo Toscano Agradecimentos: Arezzo, Cris Barros, Fause Haten,
Forum, Francesca Romana, Iódice, Jack Vartanian, Lolie, Mixed, Nkstore Unique Garden Hotel & Spa
Fonte: Isto É Gente

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