sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Isto É Gente - Dezembro 2008



Personalidade do Ano Televisão
Eliana

A apresentadora comemora 20 anos de carreira, consagra-se como a única mulher a comandar um programa no horário mais disputado da tevê brasileira e é vice-líder de audiência
De cara lavada. E ainda assim, radiante. Eliana surge na sala de visitas de casa sem o menor indício de que naquele mesmo dia tinha enfrentado as oito horas que separam Miami de São Paulo. Logo depois de percorrer a face bem-cuidada, que não denuncia os 35 anos recém-festejados, o olhar se fixa no rosto de Barack Obama bordado na camiseta da apresentadora. “Foi um momento histórico, eu tinha que comprar uma camiseta”, empolga-se. Ela e o namorado, o músico e empresário João Marcello Bôscoli, com quem está junto há nove meses, presenciaram a festa nas ruas dos eufóricos americanos com a eleição do novo presidente dos Estados Unidos. Por razões diferentes do primeiro negro a governar a grande potência do mundo, claro, Eliana Michaelichen Bezerra também vive um momento emblemático. A única mulher que disputa a acirrada audiência das tardes dos domingos está comemorando 20 anos de uma bem-sucedida carreira e dez anos na Rede Record. O programa Tudo É Possível é vice-líder de audiência, só perde para o Domingão do Faustão da Rede Globo, e nos últimos meses teve média de dez pontos. “Estar à frente de um programa dominical, ser mulher e estar diretamente competindo com grandes profissionais como Fausto e Silvio Santos é de uma grande responsabilidade”, reconhece ela, que confessa não ter tido medo de entrar na disputa de gigantes em 2005, depois de ter se despedido das crianças para dedicar-se ao público adulto. “Sabia da minha capacidade e era uma coisa que eu precisava profissionalmente. Eu já dominava programa infantil e adoro desafios. ”

Com muito respeito, como faz questão de ressaltar, e uma cordial convivência, a apresentadora sabe lidar com os feras da televisão. Já freqüentou as famosas pizzadas na casa de Faustão e guarda como ensinamento a frase dita pelo ex-patrão Silvio Santos, quando trocou o SBT pela Record: “Seja uma boa filha como você sempre foi aqui”. “Sou muito grata às pessoas que passaram pela minha vida”, diz. Ela conta que apenas uma única fera quase a fez dar meia volta e desistir do embate. Um tubarão branco. Numa das matérias que gravou na África para seu programa, teve que mergulhar dentro de uma jaula no mar onde nadava o feroz animal. “Foi muito tenso. O tamanho do bicho e aquela bocada eram assustadores. Fiquei com muito medo mesmo, e olha que já gravei dentro de jaula de leão, pulei de pára-quedas... ”, recorda.

Na trajetória de duas décadas, que começou inspirada no desenhista e apresentador infantil dos anos 80 Daniel Azulay e hoje tem a americana Oprah Winfrey como referência, não faltam passagens marcantes e, garante Eliana, nenhum arrependimento. O primeiro momento importante foi quando a adolescente paulistana conseguiu provar para o pai, o zelador José Ercílio, que era possível ser artista sem abandonar a escola. “Aos 14 anos, entrei no grupo infantil A Patotinha e comecei a fazer aulas de canto, dança e shows por todo o Brasil. Foi o meu primeiro trabalho, comecei a pagar as minhas contas e nunca parei de estudar.” Eliana chegou até o terceiro ano de Psicologia e só desistiu de conciliar a carreira artística com a faculdade porque foi reprovada por faltas. “Queria trabalhar com a vida intrauterina. A criança nasce muito mais tranqüila e prepararia os pais para receber o bebê”, imagina ela.

Em 1991, época em que a cantora integrava o quarteto Banana Split, Silvio Santos a fez mudar de rumo. Encantado com a desenvoltura da garota no palco do programa Qual é a Música?, ele a convidou para fazer um teste como apresentadora do SBT. Imediatamente Eliana assumiu um programa infantil na emissora, onde permaneceu por sete anos. Nesse período, em 1993, gravou a música “Os Dedinhos”, sucesso imediato que o público passou a associar como um sobrenome da apresentadora: Eliana Dedinhos. “Eu, particularmente, amo a música, ouço ainda algumas mães cantando para os filhos. Mas adoraria ter um novo adjetivo. As coisas evoluíram, tantas coisas já aconteceram. Isso não me incomoda, mas eu não me identifico mais”, enfatiza ela, que gravou outros 11 discos depois do hit.
Se na televisão Eliana mudou o público-alvo e tem agora um programa voltado para a família, a transição não aconteceu com sua música. Ela continua à frente do bloco infantil Happy, no carnaval de Salvador e prepara um projeto educativo e musical para 2009, que está desenvolvendo há um ano e meio e, por enquanto, prefere manter em segredo. “É um projeto lindo que no dia em que eu tiver o meu filho, vou poder mostrar para ele ou para ela com muito orgulho”, promete a apresentadora, que diz não ter pressa para a maternidade.

O tino comercial de Eliana também surpreende. Ela já licenciou mais de 160 produtos com seu nome e agora quer se lançar também como produtora teatral. “Tenho estudado possibilidades de produzir peças. Não necessariamente atuar, mas utilizar tudo o que eu aprendi para ajudar grandes profissionais que precisam de produção.” Experiência ela tem. Foi a empresa da apresentadora que produziu o filme Eliana e O Segredo dos Golfinhos, que ficou entre os dez filmes mais vistos em 2005. O projeto foi audacioso: mais de 100 profissionais foram levados para o México. Neste momento, os bastidores da dramaturgia têm atraído mais do que o palco. Mas Eliana conta que adorou as experiências como atriz, tanto em seu longa-metragem quanto mais recentemente na peça Nunca Se Sábado, em São Paulo, onde fez uma participação e divertiu a platéia cantando uma versão ao vivo do hit “Vai Tomar no C...” e, como não podia deixar de ser, “Os Dedinhos”. “Foi uma delícia, uma grande brincadeira.” Feliz e realizada, sim. Mas nunca satisfeita. Na eterna busca por desafios, Eliana expressa mais uma de suas vontades. Quando imagina como será sua carreira daqui a 20 anos, diz que no futuro gostaria de comandar um programa de entrevistas noturno. Quem se atreveria a duvidar do talento da aprendiz de Oprah?

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TEXTO LUCIANA FRANCA FOTOS MIRO

BELEZA DANILO TOSCANO/AGÊNCIA FIRST STYLING HIGOR ALEXANDRE ILUSTRAÇÃO RENATO MACHRY/PORTFÓLIO PESSOAL

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